"O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de nosso Deus e Pai" (Gálatas 1.4). Conta-se que Ciro, rei da Pérsia, certa ocasião sagrou-se vitorioso numa das suas batalhas e transportou para o seu país todos os inimigos que puderam ser capturados. Entre os inúmeros prisioneiros, estava também um príncipe, com sua esposa e filhos. Estes, por causa da linhagem real, foram levados á presença do rei. Ao vê-los humilhados à sua frente, o soberano persa, com desmedida ironia, perguntou ao príncipe vencido: --Quanto me darás em troca da tua liberdade? --Dar-te-ei a metade do meu reino--respondeu o príncipe imediatamente. --Diante de tamanha disposição, vejo que tens a vida por preciosa! E se eu, por deferência especial, conceder também a liberdade a teus filhos, o quanto receberei por recompensa? --Eu entregarei a sua alteza todo o meu reino--falou o príncipe. --Oferecendo-me em troca da tua liberdade pessoal e a dos teus filhos todo o teu reino, o que me poderás oferecer então pela liberdade da tua esposa? Certamente, ela representará muito para ti. Só então o príncipe se deu conta de que havia sido precipitado, ao oferecer tudo o que possuía em apenas dois lances daquele jogo de interesses tão bem arquitetado pelo rei persa. Todavia, meditando por um rápido momento, disse com decisão: --Entrego-me eu mesmo a ti, pela liberdade da minha esposa. O grande conquistador, apesar de toda a sua crueldade e frieza, sentiu-se esmorecido naquele momento. Então, diante de uma resposta tão cheia de altruísmo e abnegação, acabou por conceder liberdade imediata a toda a família, sem exigir nada em troca. No percurso de volta ao seu reino, o príncipe indagou da esposa se ela, por acaso, havia observado o quanto era belo e imponente o semblante do rei dos persas. A essa indagação, a princesa respondeu com ternura: --Não olhei para nada, absolutamente, porque, tinha a minha atenção voltada e os meus olhos fixos naquele que estava pronto a dar-se a si mesmo, em pagamento pela minha liberdade. Seria extraordinariamente emocionante se uma resposta similar se constituísse na confissão honesta e sincera de cada coração, ao referir-se à pessoa de Cristo. Pudéssemos ter nossos olhos fixos naquele que não somente mostrou-se disposto a entregar-se por nós, mas que de fato se deu para nos salvar. Que a nossa atenção e o nosso interesse se fixem em Cristo de tal maneira que não tenhamos ocasião de olhar para qualquer outra coisa que, embora atraente, nada tenha para nos oferecer. Paulo Roberto Barbosa - Um cego na Internet - tprobert@intervox.nce.ufrj.br
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